sexta-feira, 30 de julho de 2010

Palavra

Há tantas coisas para serem escritas,
Ainda mais coisas para serem pensadas,
Mas todas elas devem ser ponderadas,
Para posteriormente serem ditas.

Por vezes, dizemos o que não queremos,
Magoamos quem tanto gostamos,
Matamos até quem amamos,
Devido à impulsividade que temos.

A palavra é a arma mais poderosa
Que o Homem pode utilizar.
Fere a alma mais piedosa,

Mata sem chegar a tocar,
Mas também cura a alma desgostosa
De todo o sofrimento que outra palavra possa causar.

Procurando Rumo

Estou nesta estrada
Perdido, sem rumo,
Vendo todo o meu passado
Através de uma pequena coluna de fumo.

Vi várias curvas,
Muita oposição,
Vi tudo o que tinha percorrido
Para chegar a esta situação.

Vi a morte levar amigos,
Vi várias enganadoras paixões
E reparei que todo esse caminho
Era essencialmente feito de ilusões.

Ilusão de imunidade,
Ilusão de pacificidade,
Ilusão de amizade,
Ilusão de liberdade.

Vi também que nesse caminho
Predominavam os valores materiais
Não estando à vista nem um bocado
Dos valores essenciais.

Mente cerrada,
Cega pela cultura,
Pelos meios de comunicação social
E também por minha loucura.

Acreditava no que me diziam
Sem nunca me questionar
Era uma máquina disposta a acreditar
Naquilo que a lógica não desafiar.

Decidi, então, mudar a minha vida,
Clarear a minha mente,
Ter opinião própria,
Começar a ser gente.

Ajudar os outros,
Não me centrar tanto em mim,
Pedir desculpa a quem fiz sofrer
E procurar redimir-me assim.

Então, o Sol brilhou.
A minha vida encontrou um rumo
Por detrás daquela coluna de fumo
Que o vento levou.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Noite

Bem, um amigo meu, o Fábio Nunes, escreveu um poema. Soube da existência deste blog e pediu-me para o colocar aqui. Depois de ler o poema, fiquei fascinado com a sua qualidade e então decidi postá-lo. Espero que gostem tanto como eu. Queria também agradecer ao Fábio por ter partilhado connosco este poema, o melhor que jamais aqui foi postado.

A luz a descansar
Ou horas de escuridão imensa?
O luar observar
Ou dormir enquanto se pensa?

Na noite vemos as estrelas
Claras como céu
Um espectáculo de brilhos
Onde nos metemos em sarilhos
Culpados como um réu.

Os olhos fecham-se nuns sítios
Abrem-se noutros
Assim roda o Mundo
Uns direitos, outros tortos.

A noite está lá sempre,
Debaixo do nosso nariz
Escondida pela luz,
Tapada pelo que se diz.

Se a noite não está aqui,
Está noutro sítio qualquer
Poluída por todos
Preservada por quem quer.

Afinal, o que é a noite?
É a luz a descansar.
Apesar de não vermos o Sol,
Vemos o luar

Que todos os dias
Tem um brilho diferente
Apesar de o brilho
Ser feito pela gente.

Umas noites estão escuras,
Outras estão claras,
Mas a luz é vista por quem quer ver,
Vista pela acção, não por se querer.